Do subterrâneo das minas sul-africanas exploradas por colonizadores, no século 19, para a superfície do asfalto, na Zona Sul paulistana, em pleno século 21, o corpo é instrumento! “Sim, vamos” é a tradução de Yebo, nome desta formação nada convencional liderada pelo coreógrafo, dançarino e músico, Rubens Oliveira, junto de Maurício Arruda na percussão e sax, Theodoro Nagô, no violão e na voz, Eduardo Marmo no baixo elétrico, Tamires Silveira nos teclados e com a participação especial de outra dançarina e percussionista corporal, Munique Costa.
Acompanharemos Rúbens no trajeto percorrido até o Clariô, sede do coletivo artístico de Taboão da Serra, onde apresentou seu trabalho de pesquisa com o Gunboot Dance Brasil. Para Rubens, o ônibus é mais do que um transporte público, representa um espaço de possibilidades, de diáspora urbana, de histórias e encontros, como o que se deu com a cantora moçambicana Lenna Bahule, em um desses deslocamentos pela cidade, que acabou resultando no convite para que ela dirigisse seus espetáculos.
Em sua formação com o coreógrafo Ivaldo Bertazzo, Rúbens teve contato com o gunboot dance, ao conhecer o trabalho desenvolvido pelos Kova Borthers que denunciam através da música e da dança, a história opressora vivenciada por homens de várias regiões, que falavam línguas diferentes e eram submetidos à atividade exploratória de mineração. “Um povo que não se comunica, não tem força”, explica Rubens. “E, na tentativa de estabelecer uma comunicação entre eles, elaboram códigos musicais a partir do corpo e das ferramentas de trabalho como as botas, os capacetes e as correntes das máquinas como uma sonoridade construída para uma comunicação e proteção coletiva”. Portanto, o corpo e as botas são os principais instrumentos deste show-performance combativo e impactante.conhecidas.