Um laboratório orgânico de pesquisa e experimentação musical dedicado às manifestações culturais brasileiras. Assim como Curupira, o personagem defensor das Matas Brasileiras, os músicos se reuniram com o propósito “inverter os pés” dessa formação clássica de trio, piano-baixo-bateria, muito ligada ao jazz e à bossa nova, dentro uma linguagem bem brasileira, evidenciando os ritmos, as levadas e a sonoridade da música regional e folclórica de nosso país. André Marques, idealizador do trio, a partir do encontro com o baixista Ricardo Zóio, também um entusiasta da cultura popular, passaram a buscar um baterista que pudesse contribuir para essa formação e, após de muita busca, essa inclusão aconteceu em 1996, com a chegada do baterista e percussionista Cleber Almeida. Um tempo depois, o trio passa por uma mudança, com a saída de Zóio e a entrada do então guitarrista, mas que assume o baixo, Fabio Gouvea.
Para o compositor, arranjador e guitarrista Natan Marques o trio faz um “som inquietante” porque carrega em si a capacidade de inovar e ir além da formação clássica, já bem conhecida, e, também expressa sua admiração por serem multinstrumentistas e transitarem com segurança por diversos instrumentos. O programa também traz o depoimento da cantora Jane Duboc, uma das principais responsáveis pela gravação dos dois primeiros discos do trio, e por vários shows realizados no Rio, em São Paulo, incluindo a participação deles no Free Jazz Festival.
O trio bebe em várias fontes: música erudita, popular, regional, folclórica, jazz e na Música Universal, escola de Hermeto Pascoal, com quem André toca há bastante tempo. Todas essas influências abastecem criativamente o trio, que já com mais de vinte anos de carreira de discos autorais, com exceção de “Pés no Brasil e Cabeça no Mundo”, disco que garantiu indicações ao Grammy Latino (2008) e Prêmio da Música Brasileira (2009. Para o repertório desse show, terão composições antigas mas que estava guardadas há muitos anos, como “Curtume” e “Gaúchada em Belô” de André Marques, como também as novas, “Valsabiá” de Cleber Almeida e “Malas Prontas”, de Fábio Gouvêa, celebrando esse retorno após 3 anos sem se encontrarem por conta da pandemia.