Choro em jazz e o jazz em choro. Essa é a proposta do trabalho do saxofonista, Samuel Pompeo em apresentar como as duas linguagens estão intimamente conectadas. Durante uma conversa com a pandeirista e pesquisadora Roberta Valente e o saxofonista Maurício Gonçalves, Samuel discorre sobre como ambas as linguagens surgiram dos mesmos elementos: da música europeia, ligadas às danças como polcas e marchas, e da música africana, bastante rítmica. A diferença se dá nos locais de origem – jazz nasce em Nova Orleans, enquanto o choro surge no Rio de Janeiro.
Para o maestro Thiago Tavares, Samuel apresenta um trabalho refinado ao trazer a música de câmera para dentro de um quinteto, tendo o cuidado de destacar a melodia durante as dinâmicas e, ao mesmo tempo, em que consegue produzir uma sonoridade contemporânea, não só como saxofonista mas dentro do próprio grupo. O saxofonista é acompanhado por Dino Barioni na guitarra, Sidney Ferraz ao piano, Gustavo Boni no contrabaixo acústico e Paulinho Vicente na bateria.
Segundo Gilvano Dalagna, orientador de doutorado do Samuel, seus estudos contemplam “uma fusão entre a complexidade epistêmica tradição erudita ocidental, a improvisação do jazz e a matriz estrutural do choro”. E dentro dessa pesquisa e desconstruções que Samuel faz ao apresentar o jazz em choro, e o choro em forma de jazz, Sonia Regina Albano, também orientadora do músico, reforça que “um gênero não pode ficar fechado durante tanto tempo, os gêneros vão se mesclando”, e a Roberta Valente complementa a ideia explicando que os gêneros estão vivos e é natural que sejam inseridas novas informações e elementos, com o passar do tempo, respeitando a tradição.