As cordas que tecem essa trama vêm de experiências muito distintas e é deste emaranhado que surge o Quarteto Enredado. Motivado a aprender contrabaixo acústico, Gabriel Terra idealizou uma formação peculiar com 4 instrumentos: viola caipira, guitarra, violão erudito e o próprio contrabaixo. A originalidade salta aos olhos do violonista e pesquisador Fabio Scarduelli. “Quando você vai pegar obras que já se tem um jeito de tocar, já se tem um jeito de escutar, já tem uma gravação que é mais consolidada, e de repente, você coloca num meio instrumental completamente diferente, ali você cria um ambiente propício à criatividade.” E dentro dessa proposta criativa, mas também desafiadora, Gabriel transporta arranjos conhecidos para cada um desses instrumentos.
Imbuído desse propósito de estudar inserido numa prática de grupo, convidou o amigo guitarrista Daniel Rached que aceitou o desafio, apesar de estar afastado da vida musical de Franca, cidade do interior paulista de onde são. O segundo convite chegou para a violonista erudita Claryssa Pádua e foi com o arranjo de “Loro”, de Egberto Gismonti, feito por Gabriel, que ela disse “sim”. Por último, entrou Ronaldo Sabino, experiente violeiro que vinha cultivando o desejo de tocar com partitura, quando foi convidado a integrar o quarteto.
Em depoimento, o violeiro, pesquisador e professor Ivan Vilela, reconhece a versatilidade e propriedade com que trafega Sabino, por seguimentos tão distintos. O grupo visita o Espaço Musical Ricardo Breim, professor de Gabriel, e contam sobre repertório e sobre os desafios de unirem escolas tão distintas como a erudita, a caipira, a popular e a clássica, dentro dessa proposta musical da “Alma Brasileira”. Com músicas que vão desde Heitor Villa-Lobos, Guerra-Peixe, passando por César Camargo Mariano, Gil e Dominguinhos, Luiz Gonzaga até Egberto Gismonti, o grupo envolve o público neste enredo sonoro.