Contar a história de um dos maiores guitarristas do Brasil não é tarefa fácil. Por isso, o músico parte do Rock in Rio de 1985, festival que marcaria para sempre a carreira de Pepeu Gomes.
Após encarar uma plateia com mais de 380 mil metaleiros, Pepeu Gomes e a esposa Baby Consuelo, dividiram palco com o rock de Witesnake e AC DC, o heavy metal dos Scorpions, além do papa do metal: Ozzy Osbourne.
O visual colorido foi mudado ainda na coxia, o repertório ganhou maior peso minutos antes de subirem ao palco quando Pepeu mostrou seu lado guitar hero, nas instrumentais "Malacaxeta" e "Blue Wind".
Morador do Rio de Janeiro, Pepeu relembra a sua chegada na cidade de São Paulo num ponto tradicional da cidade: a padaria. Na companhia do guitarrista Luiz Carlini, músico que começou como roadie dos Mutantes nos anos 1960, os amigos relembram do movimento hippie que inspirou Os Novos Baianos, que foi considerado o primeiro coletivo de músicos no Brasil. Os nove integrantes que moravam na mesma casa e viviam só para a música, trouxeram uma mistura de rock e ritmos brasileiros permanecendo juntos até 1979, após lançarem dez álbuns.
Pepeu Gomes montou a sua primeira banda aos 13 anos. No repertório de “Los Gatos”, os músicos traziam nomes de peso do rock como Beatles e Rolling Stones, além da Jovem Guarda, grande paixão do guitarrista. Mas foi com a chegada de João Gilberto ao coletivo que Pepeu assumiu e viu que era possível a guitarra contribuir e dialogar com os ritmos brasileiros.
Nos anos 80 e com o fim do grupo, a música instrumental começou a ganhar corpo na trajetória do guitarrista. Foi nesse período que o músico passou a fazer releituras de grandes sucessos como “Lamento” (Pixinguinha), “Aquarela do Brasil" (Ary Barroso) e “Brasileirinho” (Waldir Azevedo). "O Brasileirinho foi a minha grande referência, tem gente que pensa que eu compus Brasileirinho", brinca o músico.
No Jazz B, no centro de São Paulo, encontramos com o guitarrista Lanny Gordin, músico que recebeu Pepeu aos 17 anos, quando havia recém chegado a São Paulo. Hoje, com mais de 40 anos de carreira e mais de 40 discos gravados, Pepeu relembra do cenário e do pensamento que os músicos traziam naquela época.
Já sobre o palco do teatro Anchieta, no Sesc Consolação, Pepeu apresenta os irmãos Gomes, músicos que o acompanham há muitos anos. E para nos aproximar ainda mais da sua história, Pepeu fala do último álbum "Alto da Silveira", que traz o nome do bairro onde a família cresceu em Salvador (BA).