Sentir-se livre para tocar, criar, improvisar. Liberdade é o principal compasso do Mani Padme Trio. Desde o primeiro encontro despretensioso durante uma jam session em São Paulo, em que participavam Ricardo Mosca na bateria, Yaniel Mattos ao piano e convidado para subir ao palco, o baixista, na ocasião, Du Moreira. Daquela noite, tiveram outros encontros e o desdobramento se deu no primeiro disco, “Um dia de chuva”, gravado em um janeiro chuvoso de 2004. Neste programa, os músicos contam como tudo se deu, e até como o nome do grupo, um mantra budista em homenagem a Deusa da Compaixão, expressa essa fluidez e generosidade de estarem todos atentos, conectados e se ouvindo em prol de uma criação coletiva, sem liderança e individualismos. Uma forte energia presente no grupo, capaz de transformar os três em uma só voz.
O grupo teve uma segunda formação com Zeca Assumpção, mas na época em que vivia no Rio de Janeiro e os ensaios e a prática do grupo ficaram um pouco comprometidos, ainda mais em se tratando de um instrumento grande para ser transportado, como um contrabaixo acústico. Mesmo assim, chegaram a gravar em 2007, o segundo disco, “Depois”, registrando a formação com Zeca. Para a terceira formação, não poderia ser muito diferente desse “flow”. Yaniel convidou Sidiel Vieira para a apresentação em uma festa privada e, Ricardo conta, que nem deu tempo de conversarem. Começaram a tocar e após 8 compassos, ficou impressionado com a potência e o entrosamento entre eles. Neste terceiro disco, gravado em 2016, “Vôo”, Sidiel também contribuiu com suas composições.
No show gravado para o Instrumental SESC Brasil, a ser exibido pelo canal, além do que chamam de standarts do Mani Padme, também tocam músicas de Milton Nascimento como “Cais”, em parceria com Ronaldo Bastos e “O que Será?”, com Chico Buarque. Esta última em particular, desperta lembranças do pianista cubano relacionadas ao primeiro contato com a musica brasileira.