O trombonista capixaba de Cachoeira de Itapemirim, Joabe Reis, nascido no final da década de 80, recebeu parte dos aprendizados musicais que foram importantes para sua formação, assistindo ao programa exibido pela tevê Cultura, Jazz & Cia, apresentado pelo compositor, arranjador e pianista, Nelson Ayres. O garoto nem imaginaria que, anos mais tarde, teria a oportunidade de dividir este espaço com o mestre e tantos outros músicos, referências importantes em sua carreira. Muito menos, que visitaria com o próprio maestro, a exposição sobre o principal responsável pelo movimento da Vanguarda Paulistana: o cantor, compositor, instrumentista, arranjador e produtor musical, Itamar Assumpção. “Eu acho muito legal isso de querer levar algo diferente de uma forma que está além do som, e o Itamar tinha muito disso. Os óculos sempre ali presente, é algo que eu gosto bastante. Me influencia. Eu carrego muita coisa do Itamar.”, revela Joabe.
Estados Unidos e Brasil, duas culturas representadas pelos trombonistas J.J. Johnson e Raul de Barros que timbraram suas sonoridades no desenvolvimento musical de Joabe. Mas ele faz questão de reforçar o quanto a obra de Moacir Santos e de Letieres Leite, frente a Orkestra Rumpilezz, foram alicerces de sustentação para seus processos criativos. Com depoimentos de Filó Machado e Sizão Machado, o programa vai revelando o caldeirão cultural em que Joabe mergulha e consegue trazer a tona, todas as suas impressões e frescor de sua experimentação.
O “groove” vindo do BLAM – Black American Music, uma mistura do funk, do soul, do R&B e do hip hop norte americano - está bem presente no trabalho autoral de Joabe. Aqui ele traz uma linguagem jazzística de improvisação, tendo o protagonismo dos metais para marcar o trabalho do trombonista acompanhado de Sidmar Vieira, ao trompete e de Josué Lopes, no sax. E, nesta formação ainda conta com Leandro Cabral e Agenor de Lorenzi nos teclados e sintetizador, Felipe Pizzu no contrabaixo e Daniel Pinheiro na bateria.