Pixinguinha foi o principal responsável pela formatação da linguagem do choro e, junto com ele, tantos outros nomes como Anacleto de Medeiros, Esmeraldino Salles, Paulo Moura consolidaram esse gênero brasileiro. Todos músicos negros. Motivado em enaltecer essa ancestralidade, Henrique Araújo criou o projeto “Choro Negro”, fazendo referência ao choro de Paulinho da Viola, selecionou choros só de compositores afrodescendentes.
A história de Henrique com a música começa ainda antes dele nascer: seus pais se conheceram na quadra da escola de samba e depois, durante sua infância, a família era vizinha de muro de um conservatório, onde começou seus estudos, pela bateria. O compositor Douglas Germano traduz como tudo isso se reflete na sonoridade de Henrique: “ele chega com esse bandolim com o swing do choro, com o swing nordestino e com o swing da bateria da Camisa Verde e Branco, que ele é um tremendo batuqueiro”.
Em uma visita ao compositor, arranjador, pianista Laércio de Freitas, o jovem músico rememora momentos importantes da carreira do “Tio”, como ele é carinhosamente conhecido no meio musical. Entre histórias e músicas, discos e dedicatória, juntos se emocionam e evidenciam algo muito importante dentro das rodas de choro: a oralidade. Através dela, os conhecimentos e os conceitos são transmitidos e atravessam gerações. Esse é um dos pilares da Escola de Choro de São Paulo idealizado por ele e outros professores, dedicada exclusivamente ao ensino do gênero.
Para esse show, Henrique vem acompanhado de Marcelo Miranda ao piano e violão, Xeina Barros no pandeiro e na percussão, Vanessa Ferreira no contrabaixo acústico e Bira Nascimento na flauta. No repertório, choros complexos e refinados de Laércio de Freitas, o choro pouco conhecido do sambista Nelson Cavaquinho, além de Paulo Moura, Pixinguinha, Bonfiglio de Oliveira, dentre outros.