Dentro do conceito antropofágico modernista criado por Oswald de Andrade, o grupo Pó de Café é um blend de várias influências, torras e processos de moagem, que resultam em um sabor particular. Para uma conversa sobre referências e a origem dos “grãos” que compõem esse quinteto de jazz, os músicos fazem uma visita ao Museu da Imigração do Estado de São Paulo e entram em contato com as informações sobre a diáspora humana e como isso reverbera até hoje na arte que “devolvem para o mundo”.
Apesar da formação jazzística clássica de quinteto, formado por Marcelo Toledo no saxofone, Rubinho Antunes no trompete, Murilo Barbosa no piano, Bruno Barbosa no contrabaixo e Duda Lazarini na bateria, foi com a percussão de Neto Braz e o uso das claves, dos ritmos presentes nos terreiros de candomblé, que definiram a sonoridade do grupo como jazz brasileiro.
Com depoimentos do músico Reinaldo Figueiredo e do produtor Eduardo Brechó, o programa apresenta a discografia do grupo e como se deu cada processo criativo, desde “Amérika”, com suas influências africana e caribenha, cheia de groove, passando por “Terra” e as releituras da música regional sertaneja com uma roupagem jazzística até a apresentação de “Interior”, trabalho com uma estética mais intimista, eletroacústica, elaborado em pleno isolamento social enfrentado durante a pandemia e seus reflexos na vida de cada indivíduo.